Volkswacht Bodensee - Promotoria pede 12 anos de prisão para acusado de estuprar Gisèle Pelicot na França

Promotoria pede 12 anos de prisão para acusado de estuprar Gisèle Pelicot na França
Promotoria pede 12 anos de prisão para acusado de estuprar Gisèle Pelicot na França / foto: © AFP

Promotoria pede 12 anos de prisão para acusado de estuprar Gisèle Pelicot na França

A Promotoria pediu, nesta quinta-feira (9), 12 anos de prisão para o único acusado de estuprar Gisèle Pelicot durante o julgamento de apelação na França, por considerá-lo culpado de participar em um ato coletivo de "destruição em massa" da mulher.

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Husamettin Dogan foi condenado a nove anos de prisão em dezembro, mas foi o único dos 51 homens condenados na época a recorrer da sentença e agora comparece sozinho perante um tribunal em Nîmes, no sul da França.

Com a postura de Dogan, "de não querer assumir a responsabilidade", "esta pena de 12 anos que foi solicitada [em primeira instância] faz todo o sentido", disse o promotor Dominique Sié no último dia do julgamento. A sentença será anunciada nesta quinta-feira.

O réu sustenta que "nunca" teve a intenção de estuprá-la e que foi manipulado por seu então marido, Dominique Pelicot, a quem o tribunal condenou a 20 anos de prisão por drogá-la para dormir e estuprá-la com estranhos entre 2011 e 2020.

Ele mantém sua posição, apesar de o investigador-chefe do caso, Jérémie Bosse-Platière, considerá-lo "totalmente consciente", hipótese confirmada pelo próprio Pelicot. O tribunal também exibiu vídeos dos fatos.

Várias dessas 14 gravações, encontradas em um disco rígido pertencente ao agora ex-marido, mostram o réu forçando uma Gisèle Pelicot completamente "inerte" a fazer sexo oral nele e a penetrando.

Este ex-pedreiro, de 44 anos, é um homem "totalmente responsável por seus atos", que "negou a humanidade da senhora Pelicot" e "participou, como todos os outros, de uma obra de destruição em massa de uma mulher abandonada à própria sorte".

- "Consentimento"? -

"Em que momento eu lhe dei meu consentimento? Nunca". "Assuma a responsabilidade por seus atos e pare de se esconder atrás de sua covardia", instou a vítima de 72 anos na quarta-feira, indignada com o fato de o acusado não se considerar um estuprador.

Em sua alegação final, o promotor reiterou que "atos sexuais cometidos com uma pessoa dormindo constituem estupro porque a vítima não estava em condições de expressar consentimento".

Este caso chocou o mundo. Além de condenar Dominique Pelicot, os juízes também condenaram 50 homens em dezembro a penas entre 3 e 15 anos de prisão por estupro ou agressão sexual. Apenas Dogan manteve seu recurso.

Ao renunciar a um primeiro julgamento a portas fechadas em Avignon para "permitir que a vergonha mude de lado", Gisèle Pelicot, reconhecível por seus cabelos ruivos curtos e óculos escuros, tornou-se um ícone feminista global.

"A vergonha ainda não mudou de lado. A sociedade, talvez, esteja mudando dentro da estrutura dessa consciência coletiva", disse o representante do Ministério Público à vítima.

Este julgamento, que transcendeu as fronteiras da França, provocou intensos debates sobre violência sexual, consentimento, subjugação química e até mesmo a definição legal de estupro.

A.Zbinden--VB