Volkswacht Bodensee - Especialistas da ONU denunciam que Nicarágua estende repressão além de suas fronteiras

Especialistas da ONU denunciam que Nicarágua estende repressão além de suas fronteiras
Especialistas da ONU denunciam que Nicarágua estende repressão além de suas fronteiras / foto: © El 19 DIGITAL/AFP

Especialistas da ONU denunciam que Nicarágua estende repressão além de suas fronteiras

Um grupo de especialistas da ONU denunciou, nesta terça-feira (23), que o governo da Nicarágua estendeu sua repressão aos críticos dos copresidentes Daniel Ortega e Rosario Murillo para além das fronteiras do país.

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Ortega, um ex-guerrilheiro de 79 anos, no poder desde 2007, e Murillo, de 74, aumentaram o controle contra os opositores após os protestos de 2018 que deixaram mais de 300 mortos, segundo a ONU, e considerados por Manágua como uma tentativa de golpe de Estado patrocinada por Washington.

Em um relatório divulgado em Genebra e no Panamá, os especialistas disseram que o governo de Manágua "tem perseguido milhares de nicaraguenses no exterior", muitos dos quais fugiram do país após a sangrenta repressão às manifestações de 2018.

"O Governo da Nicarágua está estendendo sua repressão contra pessoas percebidas como opositoras para além de suas próprias fronteiras [...] como parte de uma campanha cada vez mais intensa para silenciar os críticos no exílio", indicou o grupo em um relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.

Os especialistas documentaram denúncias de agressões contra nicaraguenses exilados, incluindo o assassinato do major reformado Roberto Samcam na Costa Rica em junho. O militar, de 66 anos, era um forte crítico do casal acusado de instaurar uma "ditadura familiar" na Nicarágua.

"Os danos sofridos pelos nicaraguenses exilados não são resultado de um fato isolado", alertou o presidente do grupo, Jan-Michael Simon, citado em um comunicado.

"Toda a sua vida é desmantelada sistematicamente, começando pelo desenraizamento e pela erosão de sua identidade legal, o que leva ao colapso econômico, ao isolamento social e à vigilância onipresente", acrescentou.

Centenas de milhares de nicaraguenses estão no exílio, principalmente em Costa Rica, Estados Unidos e Espanha.

"Estendeu-se um clima de medo entre a diáspora nicaraguense, já que nenhum lugar no mundo parece seguro para os nicaraguenses que se opõem a Daniel Ortega e Rosario Murillo", afirmou Reed Brody, um especialista do grupo.

"Uma mão invisível persegue os exilados onde quer que vão", acrescentou.

A Nicarágua renunciou ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em 28 de fevereiro, em rejeição a um relatório do grupo de especialistas que acusou o governo de ter uma "máquina de repressão".

O.Schlaepfer--VB