Volkswacht Bodensee - Governo de Milei alivia controle de dólares não declarados dos argentinos

Governo de Milei alivia controle de dólares não declarados dos argentinos
Governo de Milei alivia controle de dólares não declarados dos argentinos / foto: © AFP/Arquivos

Governo de Milei alivia controle de dólares não declarados dos argentinos

O governo argentino anunciou, nesta quinta-feira (22), uma série de medidas que flexibilizam os controles do fluxo de dinheiro no sistema bancário e financeiro com o objetivo de estimular o registro de moeda estrangeira não declarada, popularmente conhecido como dólares guardados debaixo do colchão.

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As medidas não impõem prazos nem penalidades para quem regularizar o dinheiro não declarado, além de eliminarem a obrigatoriedade de explicar a origem dos fundos.

Também aumentam em mais de dez vezes o limite a partir do qual os bancos devem informar sobre operações às autoridades.

O plano, que inclui um projeto para mudar a lei penal tributária, "não é uma lavagem de dinheiro", assegurou o ministro da Economia, Luis Caputo, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira.

Segundo estimativas do próprio governo, para cada peso registrado na economia argentina, há cinco na informalidade, o que Caputo atribuiu a um "excesso de controles, de impostos e de regulações".

Os argentinos, desconfiados do sistema bancário depois de sucessivas crises envolvendo o confisco de fundos, se acostumaram a proteger suas economias da inflação elevada juntando dólares fora do sistema.

Além disso, os controles cambiais que vigoraram por mais de uma década, até abril passado, estimularam a compra de dólares no mercado paralelo. Agora, o governo busca capturar esses valores para revitalizar a economia.

O novo sistema entrará em vigor em 1º de junho sob a premissa "seus dólares, sua decisão".

O porta-voz presidencial Manuel Adorni disse que o novo regime "permitirá que os argentinos possam dispor livremente da suas economias sem ter que demonstrar de onde as tiraram" e negou que isso represente riscos relacionado à lavagem de dinheiro proveniente de operações ilícitas que, assegurou, "continuarão sendo investigadas".

Já a porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI), Julie Kozack, disse, nesta quarta-feira, que a organização multilateral, da qual a Argentina é a maior devedora, acompanhará "a evolução dessa questão muito de perto".

"As autoridades se comprometeram a fortalecer a transparência financeira e a alinhar o marco da luta contra a lavagem de dinheiro com as normas internacionais (...), portanto qualquer nova medida, incluindo as que podem estar comprometidas a fomentar o uso de ativos não declarados, devem ser coerentes com esses compromissos importantes", comentou na coletiva de imprensa em Washington.

A medida também elimina a obrigatoriedade de que os cartórios reportem as operações imobiliárias de pessoas e empresas para controles cruzados de informação, assim como da compra e venda de veículos.

Enquanto isso, os bancos deverão aceitar depósitos de até 100 milhões de pesos (aproximadamente 507,4 milhões de reais, na cotação atual) sem perguntar a origem do dinheiro.

Também não serão reportados às autoridades fiscais os consumos pessoais pagos com cartões de crédito, débito ou carteiras virtuais, sem limite de valor.

E.Gasser--VB