Volkswacht Bodensee - Petro anuncia conversas de paz com maior grupo narco da Colômbia

Petro anuncia conversas de paz com maior grupo narco da Colômbia
Petro anuncia conversas de paz com maior grupo narco da Colômbia / foto: © Presidência da Colômbia/AFP

Petro anuncia conversas de paz com maior grupo narco da Colômbia

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta sexta-feira (8) o início de conversas no exterior com o Clã do Golfo, maior grupo do narcotráfico do país.

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O grupo ilegal de origem paramilitar, que se autodenomina Exército Gaitanista da Colômbia e conta com mais de 7.500 integrantes, entre combatentes e redes de apoio, é o maior produtor de cocaína do mundo e representa um dos principais desafios de segurança do primeiro governo de esquerda do país.

"Iniciamos conversas fora da Colômbia com o autodenominado Exército Gaitanista", disse Petro durante evento em Córdoba, sem dar detalhes.

O anúncio é feito no momento em que o país enfrenta a pior onda de violência desde o acordo de paz histórico de 2016, que desarmou o grupo guerilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

- Benefícios judiciais -

O Clã do Golfo insiste em ser reconhecido como grupo político e receber um tratamento judicial diferenciado, semelhante ao dado aos guerrilheiros e esquadrões paramilitares, que estão sujeitos a um sistema de justiça transicional, no qual a reparação às vítimas e a memória histórica prevalecem sobre as penas de prisão.

Para os especialistas em processos de paz, o grupo do narcotráfico não atende aos requisitos da justiça transicional. "Sua ligação com economias ilícitas desde a sua fundação" e a falta de um "projeto político por trás da organização" o distanciam dessa categoria, explicou à AFP Gerson Arias, pesquisador da Fundação Ideias para a Paz (FIP).

No mês passado, o governo apresentou ao Congresso uma proposta polêmica para submeter grupos criminosos, oferecendo benefícios como redução de penas e proibição de extradição, em troca do seu desarmamento.

Desde que iniciou seu mandato, em 2022, Petro tenta negociar o desarmamento de diferentes grupos armados, até agora sem sucesso. "Estamos tentando retirar as finanças" dos grupos que "incendeiam a violência em muitas regiões da Colômbia", declarou o presidente.

- Sem tempo -

Durante o mandato de Petro, os grupos armados, financiados por atividades como narcotráfico e mineração ilegal, fortaleceram-se, apontam especialistas.

Com a política de paz estagnada e a menos de um ano das eleições presidenciais, Arias considera que "não há tempo nem espaço político para avançar em um processo de paz. Há uma instrumentalização clara desses anúncios com o objetivo de fazer campanha para as eleições de 2026."

Em meio ao recorde de cultivos ilícitos no país, com 253 mil hectares registrados em 2023, segundo a ONU, as forças armadas realizam uma grande ofensiva para tentar conter o grupo narcotraficante.

Analistas afirmam que a escalada da ofensiva contra os grupos ilegais responde à pressão dos Estados Unidos, um parceiro histórico da Colômbia. O anúncio das conversas é feito no mesmo dia em que o presidente americano assinou um decreto para combater os cartéis da América Latina que considera "terroristas globais".

Espera-se que os Estados Unidos decidam em setembro se vão renovar a certificação da Colômbia como aliado na luta antidrogas. Caso não o façam, o país sul-americano deixará de receber ajuda americana para combater as guerrilhas e os narcotraficantes.

T.Suter--VB