Volkswacht Bodensee - Atletas russos correm contra o tempo para participar dos Jogos de Inverno de 2026

Atletas russos correm contra o tempo para participar dos Jogos de Inverno de 2026
Atletas russos correm contra o tempo para participar dos Jogos de Inverno de 2026 / foto: © AFP

Atletas russos correm contra o tempo para participar dos Jogos de Inverno de 2026

Com sua presença nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2026 ainda incerta, os atletas russos enfrentam a rejeição de várias modalidades a reintegrá-los em suas competições, comprometendo suas esperanças de participação mesmo que sob bandeira neutra.

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Se os atletas têm até janeiro para cumprirem os critérios de classificação, sua sorte deve ser decidida antes: a nova presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Kirsty Coventry, declarou que o tema "estará na agenda do comitê executivo" em setembro ou em dezembro.

Ao enviar os parabéns a Coventry quando assumiu o cargo, no dia 20 de março, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, elogiou o interesse da ex-nadadora zimbabuana pela "real promoção dos nobres ideais olímpicos".

Até o momento, no entanto, "poucas coisas mudaram", disse à AFP Terrence Burns, ex-chefe de marketing do COI.

"Coventry ainda está começando. Ela é conhecida por ser uma dirigente discreta, focada nos atletas e diplomática, mas também fazia parte do círculo próximo de [Thomas, ex-presidente do COI] Bach. Até agora, sua abordagem parece ser a da continuidade, e não de uma mudança radical".

Potência também nos esportes de inverno, a Rússia está há dez anos sem poder utilizar sua bandeira no cenário olímpico: primeiro devido ao escândalo de doping orquestrado pelo Estado, e por isso competiu sob a bandeira olímpica em 2018 e, posteriormente, com a do Comitê Olímpico Russo (2021 e 2022).

E logo após a conclusão dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em fevereiro de 2022, o exército russo invadiu a Ucrânia com o apoio de Belarus, desencadeando uma série de sanções esportivas.

- Representação de "todos os atletas" -

Rússia e Belarus não participam de competições internacionais em seus territórios desde então, e suas bandeiras, hinos e dirigentes estão excluídos do esporte mundial.

Quanto aos atletas, primeiro foram excluídos "para sua proteção", segundo o COI, antes de serem reintegrados progressivamente a partir de março de 2023.

Para os Jogos Olímpicos de Paris-2024, o COI impôs condições tão rígidas (bandeira neutra, nenhuma competição por equipe, nenhum vínculo com o exército e serviços de segurança, nenhum apoio público à invasão da Ucrânia, sem desfile no rio Sena na cerimônia de abertura) que a delegação de "atletas individuais neutros" teve uma participação discreta.

Dos 15 russos que competiram sob bandeira neutra, só as tenistas Mirra Andreeva e Diana Shnaider conseguiram uma medalha de prata nas duplas, enquanto o Comitê Olímpico Russo (ROC) ficou com 20 medalhas de ouro, 28 de prata e 23 de bronze nos Jogos de Tóquio, em 2021.

Como Coventry fazia parte do comitê executivo do COI que estabeleceu esse dispositivo, tudo leva a crer que, a não ser por um cessar-fogo no conflito ucraniano, a mesma solução ficará em vigor de 6 a 22 de fevereiro de 2026 para os Jogos de Inverno de Milão-Cortina: russos e bielorrussos participação em menor número e sob bandeira neutra.

"Para o nosso movimento, é preferível que todos os atletas estejam representados", declarou Conventry à emissora Sky News, em março.

- O obstáculo das classificações -

Enquanto o COI toma seu tempo, várias federações de esportes de inverno mantêm a exclusão total dos russos, começando pela Federação Internacional de Esqui (FIS), cujas modalidades representam mais da metade dos pódios do Jogos de Inverno.

A Federação Internacional de Biatlo (IBU) segue a mesma linha, assim como a de luge (FIL), que conduziu uma pesquisa anônima entre seus atletas que revelou "suas preocupações em matéria de segurança, cotas olímpicas, conformidade com o regulamento antidoping e equidade" no caso do retorno dos russos.

A federação de patinação (ISU), por sua vez, programou para 20 de dezembro a abertura de um estreito caminho para a classificação olímpica, com a participação de um participante por país e por categoria, apenas em competições individuais.

Em todo caso, as competições serão afetadas, especialmente a patinação artística, em que a Rússia, líder na modalidade, ficou com a prata e o bronze na prova de duplas nos Jogos de Pequim-2022 e ganhou o ouro e prata no individual feminina, que foi marcada pela desclassificação por doping de sua jovem prodígio, Kamila Valieva.

"É o trabalho de Coventry navegar nesta situação. Coordenar todos os esportes, evitar as contradições, proteger a integridade dos Jogos sem alinhar nenhum bloco. É aí que sua liderança será colocada à prova", resumiu Terrence Burns.

L.Maurer--VB