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Ailton Krenak, o escritor indígena que quer adiar o fim do mundo
"O povo indígena tem regado com sangue cada hectare dos 8 milhões de quilômetros quadrados do Brasil." Enquanto falava diante da Assembleia Constituinte de 1987, Ailton Krenak espalhava no rosto uma tinta preta, transformando esse ritual de luto em um momento histórico de luta.
Trinta e seis anos depois do protesto que contribuiu para o reconhecimento na Constituição do direito dos povos originários sobre as terras ancestrais, Krenak conquistou uma nova "reparação histórica", como ele define, ao se tornar no mês passado o primeiro indígena membro da Academia Brasileira de Letras, fundada em 1897.
"Acredito que a gente vai por um pouco de ruído naquele silêncio centenário", diz o filósofo, escritor e poeta em entrevista à AFP em São Paulo.
A Academia, cujo objetivo é cultivar a língua e a literatura brasileira, "nunca se abriu para essa perspectiva dos povos originários, outras línguas, outras culturas, que não seja a lusófona", destaca o ativista, de 70 anos.
Agora, Krenak, que escreve em português, espera contribuir para que quase 200 línguas nativas existentes no Brasil sejam valorizadas e ganhem registro gráfico, de gramática e vocabulário dentro da instituição.
"Através da língua, literatura e as artes, as culturas desses povos passam a ser percebidas como culturas vivas, não como uma coisa do passado", explica o pensador, vestido com uma camisa listrada e um colar com penas.
- "Estamos vivos" -
"Nós estamos vivos. (...) Nós ganhamos" do colonialismo, afirma.
Krenak, de olhos e cabelos escuros, usa o 'sobrenome' que pertence ao seu povo, cujas terras ficam às margens do Rio Doce, em Minas Gerais.
Os krenak foram expulsos desse território por volta de 1970, durante a ditadura militar (1964-1985), forçando-o ao exílio junto com sua família.
Aos 18 anos, estudou no Paraná "a língua do colonizador" e se formou em jornalismo.
O povo krenak foi torturado e só recuperou parcialmente suas terras depois do governo militar, mas ficou disperso pelos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo, com uma população de quase 600 indígenas, segundo o censo de 2022.
Esse sofrimento inspirou a luta de Krenak.
De fala serena e afiada, o autor que também reivindica a tradição oral dos povos originários é atualmente um dos principais intelectuais indígenas do país.
Sua luta escrita se concretiza em uma dezena de obras atravessadas por críticas ao colonialismo europeu e ao capitalismo, com títulos como o best-seller "Ideias para adiar o fim do mundo" (2019), traduzido para mais de dez idiomas.
O líder indígena, que prefere não expor sua vida privada, é casado desde 2000 com a também ativista Irani Krenak, com quem teve três filhos, um falecido em um acidente. Outra de suas filhas, de uma parceira anterior, também já morreu.
- Descartar o homem -
Em seus textos de tom didático, Krenak rejeita a ideia de "civilização" atribuída aos colonizadores que, de acordo com ele, distanciou o homem da Terra.
Isso permitiu que as corporações se apoderassem do planeta, "devorando florestas, montanhas e rios", escreve em seu livro sobre o adiamento do fim do mundo.
O autor propõe outra forma de existência, como a das comunidades nativas que resistiram "agarradas à terra", como parte da natureza.
Krenak se estabeleceu há cerca de quatro anos em sua terra de origem, habitada por aproximadamente 350 indígenas.
Lá também se sofre com o "monstro corporativo", como ele o define: em 2015 o rompimento de uma represa provocou um desastre ambiental no Rio Doce, o "avô" dos krenak e até então fonte de água e alimento.
Mas a destruição, diz, afeta a todos por igual: "Se a gente tiver que levar um prejuízo, esse vai ser dos brancos também. Não tem mais um prejuízo só indígena."
Embora espere por mudanças políticas e sociais, suas expectativas dispensam o homem. "Minha esperança é que a gente seja descartado o mais breve possível e o planeta siga seu curso maravilhoso", declara.
G.Frei--VB